Carta de despedida

entre por essa porta agora, e diga que me adora... você tem meia hora pra mudar a minha vida. vem, vambora, que o que você demora é o que o tempo leva....

Oi Clarisse...

a noite está sendo lenta, o dia foi lento... por dentro e por fora. você disse na última carta que a gente vai crescendo e sentindo essas coisas estranhas. disse que quando a gente vira adulto perde a essência da poesia e das filosofias do dia-a-dia. tem aqueles que dizem que a gente perde mesmo...
a gente perde.
e como faz quando a gente não quer perder? como faz pra dizer que quero de volta toda a beleza e doçura que tive por dentro um dia...? como faz pra dizer que ama e aceitar que não lhe seja dito? como suportar ser amada e não poder corresponder a 5% disso? como acreditar que isso é apenas "uma fase de refluxo", como disse meu amor? como chorar fazendo aquela gritaria de quando eu era criança e dava um alívio enorme? como saber se isso é adultez, ou se isso é fase? como...?
na próxima carta aguardo respostas...
se não souber, se não entender, se não entendeu... me mande um abraço do tamanho da nossa distância.
Agradecida.

Mabele

P.S.: avisa pra tia Maria que recebi a foto. as meninas estão lindas... de verdade. diz a mãe que esse mês pago o aluguel da casa... diz pr'ela que tou muito feliz. que as coisas tão bem, que ela apareça esses dias  com pai... hoje eu só quero dormir e acordar disposta. acordar, olhar pro telhado e ter a paz que tinha quando eu era criança.

Beijos.....

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