Fui à psicóloga, que parecia uma estátua de sal, mas ela me olhava como se nada entendesse. Como se minha fala fosse um zumbido inquieto no ouvido. Passamos alguns minutos em silêncio. Eu implorava, secretamente, para que em algum momento ela movimentasse a boca – ou respirasse, apenas – para que eu soubesse que estava viva. Quase não chorei. Aquela narrativa não era a minha. Tudo que eu sentia não estava sendo sequer mencionado. Os dados autobiográficos foram inconscientemente alterados, devido as circunstâncias. O que eu dizia não dizia nada sobre mim. Nem sobre o motivo d’eu estar ali. Eu apenas narrei uma história real. A superficialidade com que eu contava, não era minha. Eu estou rasgada, perfurada, dilacerada... e isso esteve oculto sob o relógio solar daquela tarde. Não consigo me abrir para estátuas de sal, nem muito menos para corpos vivos que não saem da superfície da terra – e apesar do meu Sol em Touro, eu sempre afundo no fogo ou na água.
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