chegando atrasada na aula para escrever um rio

um texto de sintaxe na bolsa. o coração saindo de um nado em mar furioso. uma lua quase cheia, quase água. hoje o sol entrou na água, escamoso, como um peixe. saturno em peixes - minha maturidade, meu cronos, meu tempo, minha velha interior. em mim, a permanência é transitória. eu sabia que não havia como negar o que dentro de mim chocava, como um acidente em via de mão dupla. surfando aflita na BR 304.

o touro freia, mas também desenfreia. o dia é azul. o dia é imaterial. os homens continuam na suas imersões fantasiosas. a nós, mulheres, coube secar as lágrimas das ausências no balanço da cadeira. numa casa sem televisão e sem outras mulheres. sinto muito, minha mãe. será preciso chorarmos todas as noites antes de dormir? até quando?

não sinto nada. mas hoje já senti tudo. eu diria que isso é o que menos importa. meu coração quis fraquejar e no olho a olho me resolvi. cancelei as metáforas para trabalhar com o que faz sentido. e, por isso mesmo, encerro este texto.

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