enquanto pinto os cabelos da minha mãe, acolho na mão uma gota de água ácida que cai das folhagens dos olhos dela. finjo que não foi nada e aplico a gota no couro cabeludo, misturada à tinta. meu irmão sobe nos galhos do umbuzeiro. grita lá de cima: "está tudo bem, não há nada de errado!" e não há. a rede está armada. me deito no chão e peço que sintam, com os pés sobre mim, que não há nada áspero na minha cabeça ou no meu corpo. subo até o último galho. me lanço. estou viva. sorrio, com uma profunda dor.
mãe, pai, me perdoem por essa ferida, que não deveria ser uma ferida. e obrigada pela tentativa de.
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