enquanto sua vista está baixa, escondendo uma carta... na manga, olho atentamente seus lábios - que vacilam entre o mordiscar dos dentes e a carreira da língua. meus dentes ou seus dentes minha língua ou sua língua. enquanto estou tentando me arremessar do alto da minha digressão, você levanta a cabeça, me olhando de novo. permaneço, por milésimos de segundos, com meus olhos na sua boca na minha língua. ao flagrar a cena, seus olhos saem correndo pelo interior da sala. certamente na intenção de que eu os capture. as horas passam pelo ponteiro, mas eles continuam perdidos - agora, dentro dos meus quartos. a noite faz das coisas o que elas são, e seus olhos são duas luas negras que esperam o final da noite para entrar pela varanda do seu apartamento, com saudade daquilo que só podem ter no seu corpo.
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